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CPI do MST faz diligências em Alagoas e revela descobertas

Leonardo Ferreira

Nesta sexta-feira (11), a CPI do MST veio a Alagoas e esteve nos assentamentos e acampamentos sem-terra na região de Atalaia para verificar as condições das pessoas que ali residem. Ao todo, cerca de 120 famílias vivem hoje entre as três áreas ocupadas, onde funcionava a falida Usina Ouricuri. Ainda em Maceió, a comissão parlamentar foi ao Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral).

A reportagem esteve em Atalaia durante todo o dia, desde a organização das pessoas até a chegada dos membros da CPI. Houve de tudo: discursos contra os deputados da comissão, gritos de guerra, vai e vem entre os acampamentos, finalizando com os líderes da CPI saindo vaiados e sendo chamados de golpistas e fascistas.

Ao chegar na região, com escoltas das Polícias Federal e Civil, os deputados Luciano Zucco (Republicanos-RS), Ricardo Salles (PL-SP) e Fábio Costa (PP-AL) visitaram os acampamentos e conversaram com alguns dos moradores, além de realizar uma reunião com alguns políticos e gestores que acompanharam a ocasião.

A comissão da CPI conheceu, ainda, detalhes sobre o curso em agroecologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), promovido pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Salles elogiou a capacitação oferecida aos integrantes do movimento, mas citou que, assim como em outros estados, os moradores vivem em condições muito ruins e que chama a atenção deles estarem há 20 anos nessa mesma situação.

“Portanto, aqui nós cumprimos a missão, tivemos essa noção exata de como está sendo prestado o curso. Então, da minha parte, entendo que foi muito importante para o relatório que nós vamos fazer na CPI ver a realidade. Na parte de moradia dos assentados, ou até dos ocupantes que não são assentados, são acampados, infelizmente demonstra aquilo que nós já temos visto no resto do Brasil: situação muito ruim”, disse o relator.

Na sequência, Salles destacou que vai ter a audiência com João Pedro Stédile e, então, vai ser decidido na comissão se haverá novas diligências, se serão ouvidas outras pessoas cujas convocações já foram aprovadas ou se juntarão esforços de todos os membros da comissão para construir um relatório final.

Sobre a não prorrogação do prazo da CPI, que será finalizada em 14 de setembro, o deputado relator destacou também que já há elementos suficientes para a construção de um relatório praticamente completo. Entretanto, disse que nunca houve relatório pronto de maneira antecipada. “Queremos identificar dentro do movimento aquelas ações que são positivas e comportamentos inadequados e, em alguns casos criminosos, que precisam ser coibidos”.

Já Zucco, que preside a comissão, foi questionado sobre a interferência do Governo Federal e do Centrão. “Nós queríamos sempre, como eu disse antes, mostrar o trabalho efetivo de uma comissão para investigar abusos, crimes, conivências, omissões, financiadores. E quando a gente vê que há uma interferência política nesse rol de investigações, como o relator falou, fica muito ruim para a continuidade dos trabalhos.”

“Mas nós temos já requerimentos de convites, convocações, pedidos de informações em andamento. E quando o relator, que já está com um relatório muito próximo do seu final, achar que deva apresentar, nós vamos apresentar e finalizar os trabalhos”, completou Zucco.

Fábio Costa

Já o deputado alagoano Fábio Costa, responsável pelo requerimento para a diligência em Atalaia, afirma que houve financiamento e fomentação de manifestações pelo Estado, cenário descoberto via notas fiscais recolhidas, as quais mostram gastos com lonas, refeições e ônibus para quem participou dos atos.

Além disso, que foram constatados problemas gravíssimos. “Um assentado acabou nos confessando que sofre ameaças aqui no local, que é submetido a questões de trabalho escravo, que sofre penalidades quando discorda das políticas implantadas aqui.”

“Então, nós vamos fazer pedido de acompanhamento, tanto da Polícia Federal quanto dos órgãos de direitos humanos, para que garanta a integridade física desse cidadão que diz que sofre ameaças recorrentes” completou Fábio Costa.

“Então, nós avançamos aqui porque tem uma associação chamada Zumbi, que já movimentou nos últimos anos aproximadamente 20 milhões de reais. Esses 20 milhões de reais, a gente precisa saber de que forma eles são gastos, porque eles são geridos por assentados, pessoas daqui. Na entrevista que nós tivemos hoje, constatamos que todos os que participam aqui da organização desse local são voluntários, não são remunerados, não recebem salário”, finalizou.

Paulão

O deputado Paulão (PT), por sua vez, lembrou que é a quinta CPI com essa temática e todas elas foram colocadas no “lixo da história”. E, desta vez, não será diferente, pois terá votos suficientes para derrotar o relatório que for apresentado.

“Se terá responsabilidade, tem o contraditório, por isso que a gente defende a democracia, a ampla defesa, a importância de respeitar o estado democrático. O delegado Fábio, a gente tem uma visão logicamente diferente de mundo, mas é uma figura que a gente tem respeito. Financiamento mesmo foi o 8 de janeiro”, cutucou Paulão.

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